segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

PYOTR ILYCH TCHAIKOWSKI (1840-1893)

Perspetiva de um piano de cauda, Leiria, Portugal (2017)

"O alcance musical de Tchaikowski ultrapassa a canção popular russa e o amadorismo corajoso, daí a sua rejeição pela Kuchka, e em particular pelo seu severo porta-voz, Cui. Um exemplo é o Capricho Italiano, uma fantasia para orquestra sobre as impressões de um feriado, à maneira da música popular italiana; outro é a sinfonia Manfred, sem número, datando de entre as sinfonias quatro e cinco, baseada no drama poético de Lord Byron. Foi escrita logo após o seu casamento desastroso com uma rapariga fanática, talvez ninfomaníaca, cujos galanteios lhe faziam lembrar Tatyana na ópera Onegin. Tchaikowski decidiu não cometer o erro de Onegin e casou com ela, mas descobriu de imediato que o seu temperamento homossexual era repelido pelo contacto com uma mulher, e foi obrigado a divorciar-se dela. No entanto, necessitava de uma confidente do sexo feminino e felizmente encontrou-a numa viúva rica, sexualmente frustrada, Nadezhda von Meck, que lhe deu uma subvenção anual e com ele trocava cartas intelectuais e íntimas, embora tivessem o cuidado de nunca se encontrar. Nenhum deles desejava o contacto físico com o sexo oposto, mas ambos precisavam do contacto espiritual. Mme. Meck ajudou mesmo Tchaikowski, dando-lhe a confiança criativa de que ele carecia."

in "James Galway, A Música no Tempo", escrito por William Man (1982)


                          "Capricho Italiano, Op.45" - PYOTR ILYCH TCHAIKOVSKI (1880)
                      Condutor: Herbert von Karajan - Orquestra: Berliner Philarmoniker (1963)

domingo, 6 de dezembro de 2020

«PREPARA-TE»

Grade, Gândara, Leiria, Portugal (2020)

   "Nem mesmo deitado tirara a boina. Estava ao comprido, de samarra e botins. Daí a pouco dormia.
   "É isto", lamentou-se o rapaz, passeando sempre; veio junto do preso, bateu-lhe no ombro, num gesto amigo: "Estamos destinados um ao outro. Viajas comigo, mijas comigo, fumas os meus cigarros... Queres melhor, pá?"
   Foi então que apareceu a Floripes, vinda do gabinete do Leandro. Ao deparar com aquele camponês de pé, a balouçar numa grande névoa, a barba crescida, os olhos como duas frestas de sono, ficou abismada. Era o mesmo homem que, pouco antes, lhe tinham mostrado numa das fotografias."

 in "O Hóspede de Job" de José Cardoso Pires (1963)


                            "Jeremias o Fora-da-Lei" - JORGE PALMA (1985)