domingo, 21 de fevereiro de 2021

LOS RESCATADORES EN CANGUROLANDIA

 
Leiria, Portugal (2018)

"Como expusimos al principio de este capítulo, la primera secuencia de la película es un auténtico regalo para el espectador y un momento sublime dentro del mundo de la animacíon: el intrépido Cody escala por la pared de una impresionante montaña hasta llegar a la cima donde es el águila dorada, Marahute, (espléndidamente animada por el experto en animales grandes Glen Keane) ha caído en una trampa puesta por un cazador furtivo. Cody la libera de las ataduras cortando las cuerdas con su inseparable navaja suiza pero, cuando el animal despliega sus alas tras recobrar su nueva libertad, empuja accidentalmente al muchacho hacia el precipicio. Comienza entonces uno de los momentos más espectaculares e imponentes de la película: Cody cae al vacío desde una altura de vértigo y, cuando ya se ve perdido, el águila lo salva de estrellarse contra el suelo volando por debajo de él hasta que aterriza suavemente sobre su espalda. Montado sobre ella, cual jinete aéreo, Cody remonta el vuelo hacia lo alto de la cima y, en un significativo gesto de libertad, justo cuando pasa por el punto donde estaba la trampa, Marahute clava sus terribles garras sobre el saliente de la montaña, arrancando algunos pedruscos. El efecto se ve potenciado por los compases de la banda sonora que, en ese momento, aumenta su intensidad. El águila continúa ascendiendo hasta alcanzar el mar de nubes mostrándonos sus dominios, y un paisaje de una belleza sobrecogedora se abre ante nuestros atónitos ojos. Marahute está dispuesta a recompensar a su nuevo amigo y le regala un viaje sólo apto para fanáticos de las montañas rusas. En una caída en picado por una pared de nubes, llega a un río sobre el que Cody realiza una espectacular demostración de esquí acuático, hasta la mismísima cascada desde donde se lanza al vacío rodeado de pájaros blancos completamente seguro de que su nueva amiga lo volverá a recoger en el aire. Finalmente, Marahute lo lleva a su nido en lo alto de una inaccesible montaña, donde el águila le confia su más íntimo secreto: en signo de confianza, y su muestra de su gratitud, le regala una de sus preciosas plumas."

in "Walt Disney, El Universo Animado de los Largometrajes - 1970-2001" de Jorge Fonte (2001)

                            "Fly Like An Eagle" - Steve Miller Band (1976)


domingo, 14 de fevereiro de 2021

BRANDAS BEIRAS DE PEDRA, PACIÊNCIA

São Bento, Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, Porto de Mós, Portugal (2015)
 
"Ainda tentou ir a Velosa, que fica a dois quilómetros, levava na ideia ver o túmulo duma princesa goda, Suintiliuba, já se viu mais maravilhoso nome? Mas receou-se da estrada, enfim, não foi um viajante corajoso. Voltou ao caminho de toda a gente, direcção de Celorico da Beira, onde não pára. O seu fito é Linhares, na estrada para Coimbra. Enquanto a estrada não tem que errar, o viajante não erra. Mas tendo que voltar para Linhares, vira onde não deve, e não tarda que se veja a subir por caminhos inverosímeis, que talvez cabras se recusassem a pisar. Vai trepando, volta para um lado, volta para outro, cada vez pior. Enfim chega a uma bifurcação, agora como será, e decide ir à aventura. Para a direita, o caminho mergulha na direcção de um pinhal negríssimo e parece perder-se nele. Para a esquerda, talvez melhor, porém o viajante não quer arriscar. Avança a pé, e então, obra certamente de Nossa Senhora dos Açores (anda neste céu um milhafre), aparece um homem. Mas, antes, deve o viajante explicar que deste sítio se avista perfeitamente Linhares, com o seu gigantesco castelo, que, sem nenhuma razão plausível, lhe recorda Micenas. Linhares está ali, mas quem lhe chega?, como? Responde o homem: «Siga por este caminho. Em vendo lá à frente umas estevas, está na estrada.» «Na estrada? Qual estrada?» «A de Linhares. Não é o que o senhor quer?» «Mas eu vim por outro caminho.» «Veio pelas Quintãs. O que me admira foi ter conseguido cá chegar.» Também o viajante pasma, mas não é proeza de que deva orgulhar-se. Viajante competente é aquele que só vai por maus caminhos quando não tem outros, ou razão superior lhe manda que abandone os bons. Não é enfiar pelo primeiro carreiro que lhe apareça, sem verificação nem cautela."

in "Viagem a Portugal", de José Saramago (1981)


                           "Pela Estrada Fora" - Paulo de Carvalho (1982)

domingo, 7 de fevereiro de 2021

BIOGRAFIAS DE ARREPIAR

 
Igreja de S. Francisco, Porto, Portugal (2016)

"Não importa a nacionalidade ou o momento histórico: a maldade encontra sempre quem queira representá-la. Políticos, militares, reis, delinquentes, aristocratas ou simples psicopatas."

in "Super Interessante - Os Maus Da História" (Edição Especial - 2012)


                            "The Evil That Men Do" - IRON MAIDEN (1988)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

MISSING WRITER

 
Leiria, 2019

"Odder still, and quite probably entirely unconnected, there is the disappearance of part of a person after his death, recorded on the same week Shea's vanishing act reached the public awareness. Parents and relatives of so-called psychic and clairvoyant Robert Deschaines, attending his funeral following the young medium's fatal stroke, were horrified to learn that ghoulish vandals or practical jokers had stolen the corpse's head from its body while it lay unattended upon a mortuary slab. Police voiced a few tenuous opinions concerning possible involvement by black magic cultists, but since then no further evidence has come to light."

in "Watchmen" de Alan Moore e Dave Gibbons (1986)

                            "The Missing" - MINISTRY (1988)

domingo, 24 de janeiro de 2021

O SOLTEIRÃO NOBRE

Leiria, Portugal(2021)

"Lestrade levantou-se triunfante e baixou a cabeça para o observar.
- Mas você está a ler o papel do lado do avesso - exclamou ele.
- Pelo contrário, este é que é o lado direito.
- O lado direito? Você está louco? Aqui está o recado, escrito a lápis deste lado.
- E do outro há o que parece ser parte de uma conta de hotel, que me interessa profundamente.
- Não vale nada. Já vi - disse Lestrade. - Diz apenas:

"Outubro 4, quarto, 8 xelins; pequeno-almoço, 2 xelins e 6 pence; coquetail, 1 xelim; lanche, 2 xelins e 6 pence; um copo de vinho do Porto, 8 pence."

"Não vejo nada de interesse naquilo" - concluiu Lestrade.
- Talvez não. É da maior importância, mesmo assim. Quanto ao bilhete, é importante também, pelo menos as iniciais são; por isso, dou-lhe parabéns outra vez.
- E já perdi muito tempo com isso - disse Lestrade, levantando-se. - Gosto de trabalhar a valer e não estar sentado ao lado do fogo tecendo belas teorias. Até logo, Sr. Holmes, havemos de ver quem descobre tudo isto primeiro.
Juntou a roupa, pôs tudo na pasta e aproximava-se da porta quando Holmes disse:
- Tome esta sugestão a sério, Lestrade, e digo-lhe que é a verdadeira solução do caso. Lady St. Simon é um mito, não há e nunca houve tal pessoa.
Lestrade olhou tristemente para o meu companheiro, depois olhou para mim, bateu com a mão na testa três vezes, meneou a cabeça solenemente e foi-se embora à pressa."

in "As Aventuras de Sherlock Holmes, Vol.2" de A. Conan Doyle, edição Círculo de Leitores (1981)


                            "It's Allright With Me" (C. Porter) - Oscar Peterson (1959)


sábado, 9 de janeiro de 2021

DAS NEGAÇÕES DO FRADE

Arquitetura religiosa, Leiria, Portugal (2018)
 
"Não vou dizer nada da minha ida a Roma, nem da vida que aí levei, pois não quero remexer na memória coisas desagradáveis. Basta dizer que o povo de Roma se não é o mais miserável que conheci é pelo menos o mais descarado. Assim, quando alguém sobe a um carro fazem-lhe pagar a entrada, depois o assento, a janela (se faz calor e a querem descer), e até o ar que por ela entra, quando entra, pois às vezes os calores são tão intensos que até o carro se desfaz em fumo...
Em Roma, pensava que ia conhecer uma cidade santa, mas depois de a ter percorrido por duas vezes não vi mais que miséria rodeando o povo, sobrecarregado com os constantes impostos da igreja, que se aproveita da ignorância para encher as arcas. Foi isso que aí vi, como aliás por toda a parte."

in "O Mundo Alucinante" de Reynaldo Arenas (1965)


                            "Religion" - P.I.L. (1978)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A VINHA. OS VINHOS.

Carrascal, Alcobaça, Portugal (2020)
 
"A cultura da vinha tem hoje na Região de Alcobaça excepcional importância e a sua área de cultura tem aumentado muito, sobretudo nos últimos anos. Invadiu todos os campos, apossou-se dos melhores terrenos, das melhores várzeas, das mais produtivas encostas, e o cultivador seduzido pelos lucros, muitas vezes aparentes, que esta cultura deu, entregou-se com todo o entusiasmo à plantação da vinha e nela depositou as melhores esperanças, na fé de que seria uma fonte de inesgotáveis lucros.
Durante o período da Guerra, em que a exportação de vinhos atingiu extraordinária importância, vendeu-se tudo, bons e maus vinhos, e a falta de honestidade de alguns vendedores foi largamente remunerada.
E foi essa venda fácil e lucrativa, foi a falta de previsão do futuro e o desejo de aproveitar ainda esse período de enriquecimento que fez que os melhores campos da região fossem invadidos por esta cultura. Das terras de sequeiro passou às de regadio, dos terrenos de encosta que produziam os melhores vinhos, passou às terras de aluvião férteis e fecundas, da zona montanhosa desceu às planícies, e as terras de campo que não são alagadas durante o inverno já estão, nalguns pontos, plantadas de vinha!
Foi ainda esse bem-estar transitório a origem, em parte, do aumento desta cultura, porque foi com os lucros obtidos durante os primeiros anos da Grande Guerra que muitos cultivadores puderam fazer face às despesas sempre elevadas da plantação. E por esta forma se plantaram por todo o concelho, e muito especialmente na zona serrana, muitos milheiros de cepas.
A cultura da vinha é, pelo menos por enquanto, uma riqueza enorme para a Região de Alcobaça pois o valor da produção atinge anualmente muitas centenas de contos."

in "J. Vieira Natividade - Obras Várias I", Edição da Comissão Promotora das Cerimónias Comemorativas do I Aniversário da Morte do Prof. J. Vieira Natividade - Alcobaça (1969)


                            "Valsa De Um Bêbedo" - ISRAEL COSTA PEREIRA (2018)